21 de abril de 2018

Presente

Refogar cebola é construir sábados, acrescentar colorau é dedicar cor de família. Está feito o melhor almoço. Ando sem celular. O coitado até resistiu muito tempo as minhas tentativas de mantê-lo funcionando e agora parou de vez. Ainda nutro a esperança de voltar como aconteceu outras vezes, no entanto ainda não houve nenhum sinal de luz. Não tenho pressa, não sou dessas de extremo apego a um aparelho e tenho um discurso de valorização do contato humano que vivo espalhando quando posso. 

Engraçado é que a falta do celular no momento tem gerado comoção nas pessoas. Já ouvi lamentos de como vou perder muita coisa nesse tempo. De fato, não vai haver um som costumeiro apitando o dia todo e minha leitura cotidiana vai reduzir em certa porcentagem, pois não vou poder receber mensagens nos aplicativos. Já ouvi considerações de como agora os outros têm se sentido antiquados tendo que conversar comigo por e-mail quando não, pessoalmente, até sobre o simples. De fato, não tem sido habitual esperar mais que alguns segundos para que se possa criar contatos. No entanto, devo dizer que tenho curtido muito esse tempo. O tempo. Tenho saboreado os momentos de outro jeito. Sim, descobri ser palatável. Cebola refogada passeando pela casa. Tenho ganhado. E presente!

Por começo, abro a janela sempre que acordo porque gosto da luz do dia banhando a casa. Digo que abro e faço é escancarar mesmo, pro aconchego não é preciso cerimônia.